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ABR divulga estudo sobre impacto do Airbnb e das economias compartilhadas

Quebra de paradigmas!

Uma revolução em matéria de modelo de negócio, o caso do Airbnb é mais do que um sucesso econômico, ele representa uma mudança radical na forma de organizar as atividades empresariais nos tempos de uma economia tecnologicamente conectada e compartilhada. Uma verdadeira revolução que nos obriga a mudar a forma de pensar e, sobretudo, de legislar as atividades econômicas. Qual o tamanho desse desafio e como o mundo se transformou em volta desse novo modelo de negócio? É essa questão que tentaremos analisar neste documento avaliando o complexo modelo estratégico do Airbnb. A primeira resposta ao sucesso do Airbnb, no âmbito do turismo, foi explicada ao alegar que existia uma demanda reprimida (pessoas querendo viajar) e uma oferta excedente (imóveis desocupados).

Ao enxergar essa oportunidade, o Airbnb tornou-se uma das startup’s de maior sucesso da história, fazendo a conexão entre essas duas necessidades. Com essa explicação, os profissionais da área de turismo do mundo inteiro passaram por incompetentes sem visão. Será que é assim mesmo? De forma alguma. Todos sabiam analisar o mercado, mas ninguém teve coragem ou tamanho necessário para infringir as leis, pois é disso que se trata. Empresários e investidores têm como dever analisar os modelos de negócios dentro dos parâmetros jurídicos, portanto, jamais teriam criado um modelo de negócio similar ao do Airbnb. A partir desse momento, entra a análise da palavra “disruptivo”, que caracteriza o modelo de negócio do Airbnb. É disruptivo o lado extremamente ousado de um modelo que desafia as leis para, depois, tentar regularizar-se mediante uma forte pressão popular e midiática. Com uma postura de “too big to fail” (“grande demais para falhar”, em tradução livre) e apoio dos mercados financeiros ávidos de produtos que lucram, o Airbnb elaborou uma estratégia mista entre políticas e investimento. Airbnb – um modelo de negocio O conceito de economia colaborativa Economia colaborativa é um termo usado para descrever a “rápida explosão nos métodos tradicionais de compartilhamento, permuta, empréstimos, negociação, locação e troca”. Também conhecida como “peer-to-peer online marketplace” (“mercado online de igual para igual”, em tradução livre), essa tendência viu um imenso crescimento nos últimos anos. O crescimento exponencial é, basicamente, justificado devido ao aumento do acesso à internet, mídias sociais online, tecnologia móvel, serviços baseados em localização e economia de recursos financeiros. Há diversos serviços online P2P (peer-to-peer) oferecidos para desafiar os tradicionais serviços de locação, como alugar seu próprio carro, dispositivos, vagas de estacionamento e, até mesmo, o seu próprio jardim, entre muitas outras opções. A habilidade de alugar basicamente qualquer coisa tem sido uma grande vantagem da economia colaborativa, uma vez que indivíduos podem, agora, lucrar em cima de itens que, em outras situações, poderiam estar fora de uso. O desenvolvimento da economia compartilhada desafia os serviços tradicionais existentes nos quais as transações são conduzidas entre a companhia e o cliente. Ao invés de alugar um veículo por meio de uma agência de carro, ou reservar um hotel por uma agência, o consumidor pode, agora, usar o mercado online P2P quando achar mais flexibilidade e, frequentemente, melhor preço. Com o advento da economia compartilhada, a indústria está vendo um aumento na concorrência no mercado de locações em geral, pois há ofertas tanto no mercado “tradicional”, quanto entre competidores que oferecem serviços similares no mercado online P2P. Uma verdadeira engenharia de marketing e lobby Airbnb – um modelo de negocio 01/11/2016 a) Relacionamento de confiança com o consumidor Atendendo às necessidades de viajantes em busca de preço para viajar e novas experiências, assim como as de proprietários em busca de lucro complementar por meio de suas propriedades imobiliárias, o sucesso é incontestável. A forma de viajar entrou no gosto de uma geração de millenials em busca de quebra de paradigmas. Os proprietários de imóveis, com dificuldade de amortecer os custos fixos gerados pelos bens, acham um inquilino rápido, sem fiscalização, nem burocracia. O Airbnb toca diretamente no bolso dessas duas categorias de pessoas que viram automaticamente defensores incondicionais da marca. b) Aproximação política O aspecto que permitiu esse crescimento acelerado do Airbnb é a ausência de legislação específica para as economias compartilhadas. Essa característica torna-se uma desvantagem, um ponto fraco em cima do qual o Airbnb deve trabalhar assiduamente para defender seu modelo de negócio. Para frear as reformas legais que poderiam atrapalhar o funcionamento operacional, o Airbnb adota uma estratégia de aproximação com a classe política, contratando exprefeitos das principais cidades do mundo. Esses políticos tornam-se, muitas vezes, “garotos propaganda”, defensores do modelo de negócio compartilhado e criam um verdadeiro lobby político. O novo Conselho Consultivo do Airbnb é representado por Michael Nutter, exprefeito de Filadélfia, Estados Unidos, que assume a diretoria do grupo. Annise Parker, ex-prefeita de Houston, Francesco Rutelli, ex-prefeito de Roma, Itália, e Stephen Yarwood, ex-prefeito de Adelaide, Austrália, também fazem parte do conselho. Michael Nutter aprovou, na Filadélfia, uma das normas mais liberais em prol da economia compartilhada, convencido do impacto positivo na estratégia. Nutter era prefeito quando o papa Francisco visitou a cidade, e foi bem naquele momento que legalizou a atividade do Airbnb. O Airbnb também contratou Chris Lehane, veterano das estratégias políticas, agora à frente das políticas públicas da empresa. Sua tarefa é estabelecer o diálogo com prefeitos e entidades reguladoras dos mercados. No Brasil, a aproximação política está acontecendo com a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo). O presidente Vinícius Lummertz acaba de fechar um acordo de parceria com o Airbnb para divulgar o Brasil no exterior. “Esta ação conjunta vai resultar na vinda de mais turistas estrangeiros para o Brasil pela força e credibilidade do Airbnb pelo mundo”, declarou Lummertz. Entre as ações previstas nessa parceria está a troca de melhores práticas. A entidade planeja organizar viagens com jornalistas estrangeiros e utilizar os imóveis disponíveis pelo Airbnb. Além disso, poderá, também, definir quais os Airbnb – um modelo de negocio destinos brasileiros são mais interessantes para direcionar as campanhas de promoção do País. c) Advocacy Com centenas de escritórios de advocacia contratados no mundo, o Airbnb tem os melhores especialistas legais para administrar as crises jurídicas. Desta forma, a empresa ganha um tempo precioso para reforçar e aumentar seu índice de aprovação e simpatia popular. Além disso, ela quer impor sua visão jurídica e fiscal quanto às economias compartilhadas. Quando ameaçada por uma tentativa de regulamentação, o Airbnb ataca entrando com ações na justiça. Assim, a companhia processou as cidades de São Francisco, Santa Mônica e está processando Nova York. Alguns dos argumentos da defesa do Airbnb são: 1. o Airbnb é uma mera plataforma, e não prestadora de serviços; 2. por se tratar de um negócio online, o Airbnb está imune a qualquer regulação sobre suas transações comerciais. Os pontos críticos a) Arrecadação de impostos Com o Airbnb, os proprietários dos imóveis estão exercendo uma atividade comercial difícil de ser tributada com eficiência. Os fluxos financeiros gerados por meio de cartão de crédito em plataforma online podem transitar fora do território do imóvel, seja para Airbnb que recebe, como possivelmente para o proprietário do imóvel alugado. Podemos, portanto, supor que um proprietário brasileiro receba o aluguel de seu imóvel em conta no exterior sem declarar a renda no Brasil. Essa brecha abre uma porta para possível lavagem de dinheiro. b) Aspecto administrativo Os meios de hospedagem são sujeitos a uma severa regulamentação para garantir a segurança e a qualidade do serviço prestado: alvarás de funcionamento, sindicados e Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), taxas de funcionamento, etc. Além disso, os hotéis atuam como um freio e um controle das atividades de prostituição, pedofilia e monitoramento dos hóspedes, dificultando a hospedagem de eventuais procurados pela justiça ou, até mesmo, de terroristas. O método do Airbnb foge a todos esses requisitos, implementando um conceito de hospedagem livre de qualquer controle, custo ou regulamentação. Airbnb – um modelo de negocio 01/11/2016 A ameaça para o Airbnb: dez prefeitos de cidades globalizadas se unem Algumas dificuldades para economia compartilhada e, especialmente, para o Airbnb estão se concretizando. A pedido de três senadores norte-americanos foi chamada a atenção das autoridades federais pedindo que a Federal Trade Commission fizesse uma investigação acelerada sobre essa indústria. Além disso, dez prefeitos de diversas partes do mundo, entre os quais os de Nova York, Paris, Seul, Toronto, Atenas e Barcelona, uniram-se para achar uma conduta comum na gestão dos aplicativos da economia compartilhada. O objetivo principal é chegar a um “manual comum”, que regule a atividade de forma igual e globalizada. Até agora, o Airbnb tem tentado negociar acordos individuais com cada cidade, mas o pensamento desses prefeitos é chegar a um acordo geral para as principais capitais mundiais, até porque a maioria têm as mesmas exigências. Não existe, ainda, um documento oficial, mas os prefeitos já se reuniram em Amsterdã e em Paris. O mercado do Airbnb nas principais capitais Nova York (Estados Unidos) No fim de outubro, o Estado de Nova York se tornou a mais recente jurisdição norte-americana a afetar o Airbnb com as leis de locação de curto prazo. Com 46 mil hospedeiros no Estado – o segundo maior mercado do mundo da companhia baseada em São Francisco –, a lei recentemente assinada pelo governador Andrew Cuomo impõe multas aos hospedeiros que infringirem as leis estaduais de habitação. O Airbnb abriu um processo federal contra o Estado, alegando que a nova lei poderia “impor encargos significativos e imediatos e danos irreparáveis” à empresa.

Cristina Lira - graduada em Comunicação Social-Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) é baiana e radicada em Natal (RN), com cidadania portuguesa. Trabalha há mais de 20 anos com o turismo e adora o que faz: escrever, viajar e prestar varios serviços no segmento. Em 2008, criou o blog www.turismocristinaliranatal.blogspot.com, um sucesso, que migrou para o site www.cristinalira.com (Turismo por Cristina Lira). "Desde 2011, organiza o Encontro dos Profissionais do turismo com Cristina Lira (RN), em Natal e que já aconteceu em 7 cidades do Brasil , em Portugal e na Itália. O evento reúne empresários, profissionais do turismo e jornalistas para um momento de aprendizado e network. O próximo pode ser em sua cidade!. Neste espaço divulga as news do turismo do Brasil e do mundo. Confira e mande sua sugestão!
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