Coletivo brasileiro de Paracatu (MG) fez homenagem ao ‘primo’ lusitano neste 7 de setembro, em Lisboa, Portugal
Grupo Caretagem de Paracatu, do Quilombo Família Amaro – (fotos: divulgação)
A Fundação Nacional de Artes – Funarte, em parceria com a Secretaria Especial da Cultura, promoveu neste Feriado da Independência, 7 de setembro, em Lisboa, Portugal, uma apresentação do Grupo Caretagem de Paracatu, do Quilombo Família Amaro, de Minas Gerais, no Padrão dos Descobrimentos, às 19h (no horário local). Após a exibição, os artistas sairam em cortejo até o Jardim da Torre de Belém. O coletivo brasileiro tem características artísticas bem similares às do “primo” lusitano Caretos de Podence, da província de Trás-os-Montes.
A ação faz parte do programa “Minas para o Mundo”, iniciativa do governo mineiro em comemoração aos 200 anos da Independência do Brasil. Segundo os organizadores e parceiros, Minas Gerais é o berço desse movimento, onde surgiram as primeiras manifestações que depois levaram ao Grito do Ipiranga. O intuito do projeto é proporcionar a troca de experiências e celebrar a união Brasil-Portugal. Ao identificar tradições que se preservam por séculos, foi criada uma programação que contempla e valoriza as manifestações artísticas brasileiras e, ao mesmo tempo, faça uma homenagem à cultura portuguesa.
A Caretagem de Paracatu é uma festa cuja origem reflete o sincretismo entre as culturas de matriz afro-brasileira e europeia, especialmente com a religiosidade católica. Os participantes dessa tradição, que remonta ao período colonial, usam um traje típico composto por tiras coloridas que cobrem todo o corpo, além de chapéus, guizos, sinos, bastões e máscaras. O festejo começa na noite de 23 de junho, ou seja, na véspera do nascimento de São João Batista, e se encerra com um almoço no dia 24 de junho. Todos os anos os “caretas” mudam — alguns saem, novos entram, as roupas são estilizadas e atualizadas, os acessórios refeitos ou substituídos. Mas o cerne, a essência e a tradição permanecem os mesmos.
O Caretos de Podence é conhecido pelo comportamento performativo com “as chocalhadas”, um ato simbólico que remete a uma possível ligação com antigos rituais agrários e de fertilidade. Os “caretos” são personagens mascarados com franjas de lã colorida, máscaras de lata ou couro e chocalhos à cintura. A pacata aldeia de Podence transforma-se durante o Carnaval. As duas centenas de habitantes recebem milhares de pessoas, muitas delas emigrantes que regressam apenas durante o período da festa. O evento Entrudo Chocalheiro é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.
Programação
A programação do dia 7 de Setembro nas terras portuguesas começou com a oficina Minas Gerais chega à Lisboa, no Espaço Espelho D’água, às 18h. Logo depois, às 19h, a Caretagem de Paracatu se apresenta no Padrão dos Descobrimentos. Às 20h05, o grupo faz nova exibição no Espaço Espelho D’água do Jardim da Torre de Belém e sai em cortejo com o público. A noite se encerrou com apresentação da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, às 21h, no Jardim da Torre de Belém.