“Para lidar com custos altos e baixo crescimento econômico, e sem mudanças na tributação ou na precificação do combustível, as companhias lançam mão dos esforços ao seu alcance: primar pela eficiência operacional e manter aeronaves ocupadas, evitando desperdícios,”, explica o presidente da ABEAR, Eduardo Sanovicz.

Em 2014 a oferta² teve leve alta de 0,8% (havia sido de 2% em 2013). Como avançou menos do que a demanda, o fator de ocupação³ apresentou melhoria de 3,7 pontos percentuais, ficando na casa dos 80%. “A redução do ritmo de crescimento anual merece atenção, mas o resultado positivo comprova que continuamos com massificação do avião possibilitada pela liberdade tarifária”, recorda o executivo.

A ANAC divulgou recentemente que três de cada cinco passagens domésticas vendidas no primeiro semestre de 2014 (dado mais recente) custaram até no máximo R$ 300. “Isso era parte do outro grande desafio do ano: prover transporte aéreo com preço, quantidade e qualidade adequados para a Copa do Mundo. Operamos com pontualidade acima dos 92%, conectamos todas as sedes e recebemos elogios do Brasil e do exterior”. Segundo Sanovicz, além da modernização de alguns aeroportos, a Copa deixou para o setor aéreo o legado de coordenação do setor para os picos de movimentação. “Isso ficou claro nas viagens de final de ano, temporada em que a aviação repetiu taxas de pontualidade de 92%.”.

As melhorias no setor acontecem ao mesmo tempo em que mais pessoas usam o avião. Em 2014, foram 95,1 milhões de passageiros transportados nos voos domésticos (alta de 6,9%; havia sido de 7,1% em 2013) e outros 6,4 milhões nos internacionais (alta de 6,2%; havia sido de 4,8% no ano anterior).

“São mais de 101 milhões de passageiros no total. São muitos clientes, cada um deles único e importante. A regra é nunca desapontar”, comenta Sanovicz sobre a qualidade de serviços. “Sempre temos o que aprimorar, mas quando são divulgados números de manifestações de consumidores, é fundamental lembrar que, na média, transportamos quase 280 mil pessoas por dia. São aproximadamente 200 por minuto, todos os minutos do dia, todos os dias do ano. Ainda que estejamos dentro de níveis de excelência internacional, estamos sempre estatisticamente expostos a falhas, que lamentamos e resolvemos”, contextualiza.

Na análise dos resultados mensais, janeiro, julho e dezembro foram os meses de maior demanda e fluxo de passageiros em números absolutos. De forma geral, o segundo semestre foi mais forte do que o primeiro. “Esses são resultados que ficam dentro da sazonalidade típica da aviação nacional”, explica o consultor técnico da ABEAR Maurício Emboaba. “O que variou em 2014, em função do efeito Copa e da realização de eleições, foi que, em relação ao ano passado, tivemos um crescimento bastante forte nos primeiros e nos últimos meses do ano, enquanto os resultados de junho e julho foram de quase estabilidade”.

Em termos de participação no mercado⁴ doméstico, a TAM fechou o ano mais uma vez como líder, obtendo uma parcela de 38,41% (-1,72 ponto percentual). A GOL respondeu por uma fatia de 36,40% (+0,79 pp). A AZUL teve 16,77% de participação (-0,29pp). A AVIANCA registrou 8,43% de share (+1,24pp).

Totais móveis – Como indicativo do comportamento do mercado doméstico para 2015, as estatísticas dos totais móveis (séries de dados consolidados de 12 meses, atualizadas mês a mês) indicam expansão, mas com continuidade na redução de ritmo anual. A oferta tem um crescimento anual projetado de 1,5%, para uma demanda prevista para avançar 5,1%.

Internacional – No mercado internacional, 2014 viu o início ou a retomada de operações internacionais regulares por duas companhias aéreas associadas à ABEAR, AZUL e AVIANCA, no segundo semestre. Elas juntaram-se a GOL e TAM, que já possuem atuação consolidada no segmento.

A demanda internacional registrou expansão de 5%, pequena desaceleração em relação a 2013, no qual o resultado havia sido de 5,1%. A oferta internacional, que esteve atentamente gerenciada, assinala retração de 1,5% em 2014 (depois de alta de 7,4% no ano anterior). Também nesse caso, com a demanda evoluindo mais fortemente que a oferta, houve melhoria do fator de aproveitamento em 5,1 pontos percentuais, ficando situado em 82,4% no ano.

A TAM também foi a empresa líder em participação no mercado internacional, com 84,48% (-3 pontos percentuais). A seguir figura a GOL, que fechou a temporada com uma parcela de 14,92% (+2,45pp). AZUL, com 0,57%, e AVIANCA, com 0,02%, fecham a relação das empresas brasileiras com operações internacionais.

Confira as planilhas com as estatísticas na área de Dados e Fatos do site da ABEAR, na seçãoNÚMEROS DAS COMPANHIAS AÉREAS ASSOCIADAS.

² Oferta – é medida em ASK (Available Seat Kilometers ou Assentos-quilômetro oferecidos): é calculada por voo, pela multiplicação do número de assentos disponíveis pela distância percorrida. Para uma companhia ou para a indústria, é calculado a partir do somatório dos ASKs de todos os voos daquela companhia ou de todas as companhias.

³ Fator de Aproveitamento ou LF (Load Factor): diz respeito à relação entre oferta e demanda. É calculado por voo, pela divisão do total de assentos comercializados, independentemente do tipo de tarifa, pelo total de assentos oferecidos. Para uma companhia ou para a indústria, é calculado a partir da divisão do total de RPKs pelo total de ASKs daquela companhia ou de todas as companhias.

⁴ Participação de mercado (ou Market Share): refere-se à parcela da oferta ou da demanda total detida por uma determinada empresa. Nas estatísticas acompanhadas pela ABEAR, é observada pelo viés da demanda. É calculada pela divisão do total de RPKs de uma companhia pelo total de RPKs da indústria.