Boa Viagem

Informativo digital do mundo do turismo

Notícias

Uruguai , país do carnaval

O Carnaval no Uruguai começou oficialmente em 22 de janeiro. Cerca de 50 grupos se apresentam em 20 bairros diferentes da capital, Montevidéu, com muita música, dança e cultura

A festa popular é patrimônio cultural do país e leva 1/3 de sua população para as ruas da capital. Candombe é o ritmo que embala o Carnaval mais longo do mundo

A Bahia que se cuide – o maior carnaval do mundo fica no Uruguai. Considerado patrimônio cultural do país a festa popular com origens africanas dura aproximadamente 40 dias, com início este ano em 22 de janeiro e encerramento previsto para março. Ainda pouco conhecido pelos brasileiros, o carnaval do Uruguai representa muito a cultura local e tem relevância popular tão grande quanto no Brasil.

 

Montevidéu é o grande polo carnavalesco do país e a Av. 18 de Julho o palco para os desfiles inaugurais – que mais lembram os antigos cortejos. Depois da noite de inauguração cerca de 50 grupos se apresentam em 20 bairros diferentes da capital ao longo de 40 noites. Os foliões se reúnem em frente a palcos – chamados de tablados – para apresentações que misturam teatro, música e dança. Montevidéu chega a receber quase um milhão de turistas, praticamente 1/3 de toda a população uruguaia que é de 3,2 milhões de habitantes.

 

O Carnaval uruguaio é bem diferente do brasileiro: está mais para um espetáculo teatral musical do que para uma grande farra popular, com pessoas dançando nas ruas. Há cinco categorias diferentes que se apresentam com simbologias e estilos próprios. São elas: Parodistas, Revistas, Humoristas, Lubolos (Candombe) e Murga.

As Comparsas desfilam com seus tambores e instrumentistas à frente dos foliões. Ao fundo vê-se os tablados criados para que os espectadores acompanhem tudo de perto
Candombe e Lubolos

O Candombe carrega a herança africana da época colonial. Os negros, trazidos como escravos para o Uruguai foram pouco a pouco transmitindo suas tradições culturais no país sul-americano. Seus tambores funcionavam não somente como atração musical como também na comunicação já que as batidas cadenciadas eram usadas como códigos entre escravos de outras fazendas. O “Desfile de Llamadas”, que acontece nos bairros Sur e Palermo, relembram exatamente isso. São milhares de espectadores que se contagiam com a emoção, força e colorido do espetáculo.

 

Os grupos de Candombe são chamados de comparsas e há três tipos de tambores: “piano”, “rapique” e “chico”. Os instrumentistas (que podem chegar a 70) ficam à frente da comparsa enquanto os demais foliões seguem com suas vestimentas típicas. Personagens históricos também entram na festa como o Gramillero, feiticeiro da tribo e mestre dos tambores, acompanhado por Mama Vieja, velha com trajes coloridos, leque em punho e guarda-chuva. O Escobero, que originalmente guiava os tambores durante o desfile com um bastão, hoje dança com uma pequena vassoura, seguindo o ritmo dos instrumentos.

 

As festas que os escravos faziam na época da colonização durante o ano todo foram se incorporando nos festejos dos colonizadores europeus, a partir do final do século XIX. Nessa época começaram a aparecer os lubolos, brancos que pintavam o rosto de negro. Assim como no Brasil, a mistura e inversão de valores começaram a identificar os desfiles de carnaval.

Passista desfila à frente dos tocadores de tambores. Homens brancos pintam seus rostos de negro: são os Lubolos – tradição secular dos escravos trazida pelo carnaval Uruguaio
Murga

Uma das expressões culturais com maior adesão popular no país, a Murga é o principal ato de crítica social e política durante o Carnaval. São apresentações humorísticas com sátiras e paródias dos fatos que marcaram o país e o mundo. Dos cinco tipos de conjuntos do carnaval uruguaio, a Murga é o que mais se assemelha à festa brasileira. Canções populares são utilizadas como base, trocando-se as letras de acordo com o tema escolhido. Como nas escolas de samba, cada ano há um tema diferente que guia tanto as letras quanto as fantasias. Com apresentações tanto na capital quanto no interior, a maioria dos bairros tem a sua Murga para seguir e apoiar, seja em desfiles ou competições oficiais.

Há um grupo de 17 componentes entre diretor cênico e músicos, seguidos dos foliões que decoram as letras e movimentos ao longo dos ensaios abertos ao público antes dos desfiles.

A Murga se destaca também por ser uma mistura de gêneros e raízes. De origem espanhola, vem sofrendo transformações desde o final do século XIX, com ritmos de percussão do Candombe (África) e figurinos e maquiagens características da arte europeia.

Principal ato de crítica social e política e uma das expressões culturais mais populares do Uruguai, a Murga se caracteriza pelos belos figurinos e maquiagens, inspirados na arte europeia
Durante todo o período carnavalesco, os diversos grupos das cinco categorias existentes competem entre si para eleger o melhor. As competições acontecem no Teatro de Verano dentro do Parque Rodó, um dos mais famosos de Montevidéu e com capacidade para cinco mil pessoas, e envolvem o público num sentimento semelhante ao que toma conta dos sambódromos brasileiros ou estádios de futebol mundo afora. Neste ano, serão 42 grupos competindo – os mesmos que abriram o desfile inaugural do dia 22 – sendo 17 Murgas e sete Lubolos. O Concurso Oficial de Carnaval no Teatro Verano encerra com chave de ouro as festividades no país, pois além de toda expectativa do público e beleza das apresentações, acontece no anfiteatro do coração da cidade, com uma concha acústica, estrutura e vista impecáveis.

As apresentações em Montevidéu acontecem entre às 21h e 3h Algumas são gratuitas e outras variam de R$ 15,00 a R$ 50,00. As festas permitem que os visitantes e estrangeiros tenham contato com “o espírito e caráter” do uruguaio. Para os brasileiros apaixonados por carnaval é uma chance de conhecer uma nova cultura, num país diferente durante uma festa tida como bem brasileira.

Museu do Carnaval
Para quem quiser conhecer ainda mais história do carnaval do Uruguai há um museu, inaugurada em 2006 em Montevidéu, que reúne grande parte das memórias da festa popular. Localizado bem próximo ao famoso Mercado do Porto, o museu está aberto de terça a domingo, das 11h às 17h. Custa 65 pesos e às quartas-feiras é gratuito. Aberto o ano inteiro.

O Teatro Verano recebe as competições finais que encerram o Carnaval. Localizado no Parque Rodó, no coração da capital Montevidéu, tem capacidade para 5 mil pessoas e uma concha acústica especial para receber os shows e apresentações
Cristina Lira - graduada em Comunicação Social-Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) é baiana e radicada em Natal (RN), com cidadania portuguesa. Trabalha há mais de 20 anos com o turismo e adora o que faz: escrever, viajar e prestar varios serviços no segmento. Em 2008, criou o blog www.turismocristinaliranatal.blogspot.com, um sucesso, que migrou para o site www.cristinalira.com (Turismo por Cristina Lira). "Desde 2011, organiza o Encontro dos Profissionais do turismo com Cristina Lira (RN), em Natal e que já aconteceu em 7 cidades do Brasil , em Portugal e na Itália. O evento reúne empresários, profissionais do turismo e jornalistas para um momento de aprendizado e network. O próximo pode ser em sua cidade!. Neste espaço divulga as news do turismo do Brasil e do mundo. Confira e mande sua sugestão!
Boa Viagem