Ética é tema de encontro entre agências de Live Marketing e clientes em São Paulo
O 1º Fórum de Ética do Live Marketing, promovido pela AMPRO – Associação de Marketing Promocional, em parceria com a ExGV (Associação dos Ex-Alunos da Fundação Getúlio Vargas) e o portal Tempos & Movimentos, reuniu 115 participantes, entre CEOs e diretores de agências de Live Marketing e diretores e gerentes de marketing de empresas anunciantes, em São Paulo. O objetivo foi discutir a ética do setor de Live Marketing, que envolve questões como concorrências desleais, práticas comerciais abusivas e corrupção, que fazem parte do dia a dia do setor. Os resultados do evento serão avaliados por Conselho que irá assessorar o Comitê de Autorregulamentação da AMPRO para a elaboração de um novo documento sobre ética no Live Marketing.
O Fórum teve a participação de 11 palestrantes, entre docentes de Direito, Inovação Empresarial, advogados, diretores de grandes empresas, especialistas em Governança Corporativa, em Live Marketing, entre outros.
Valéria Brandini, especialista em Multimeios (Comunicação e Interdisciplinaridade) pela Unicamp, Mestre em Publicidade e Propaganda pela ECA – USP Palestra, falou sobre “A Ética na Perspectiva do Brasileiro”, com conceitos sobre ética para a compreensão de como ela é trabalhada nas empresas. “As pessoas agem conforme os valores e a visão de mundo na qual são socializadas. A ética pode ser considerada o padrão de comportamento que as pessoas adotam, desde criança, até dentro das empresas. São normas que guiam nosso comportamento e moldam nossa forma de ser”, comentou. “Burlar a ética é enganar o código moral das pessoas e isto transparece. Em algum momento, os colaboradores de uma empresa que não preza pela ética vão se cansar”. Para ela, embora mudem os valores sociais, a ética não é flexível. “Não existe uma ética relativa. Todos querem ética, em todos os lugares, é a regra do bem. A questão é saber se todos querem ser éticos. A chave pra que isso funcione é a transparência”.
O Painel “Ética Não é Só Questão de Escolha – Governança e Transparência”, com os advogados Luiz Coelho (Coelho & Morello Advogados Associados), Marcelo Coimbra (Fleury Advogados), a Professora da FGV Direito SP e da FECAP, Angela Donaggio, e o advogado Paulo Focaccia (FAS Advogados e assessor jurídico da AMPRO) como mediador. O painel discutiu a necessidade do cumprimento da ética na visão jurídica, devido à existência de regulações que punem empresas que descumprem as normas, como a lei anticorrupção, que passa a atingir também as empresas. Também foi discutida a ética na relação do trabalho e ética nas concorrências entre as agências e como esta questão é vista pelo Direito. “Hoje a ética é discutida como ações anticorrupção ou ações concorrenciais, mas existe a ética do mercado: como as agências se portam internamente e perante o cliente, além de ser entendida como o cumprimento de leis”, comentou Focaccia.
Graziela Di Giorgi, professora de Inovação Empresarial na E.I.S.E. e responsável pelo Grupo Consultores no Brasil, palestrou sobre “A sua empresa está preparada para 2015? – Inovação e Transparência”. Graziela apresentou os resultados de um estudo com 60 executivos de marcas que buscou entender por que muitas vezes o cliente quer a criatividade, mas, por outro lado, ainda existe a aversão ao novo.
O levantamento mostrou que quando a ideia chega ao cliente, precisa passar por algumas etapas, como atender o briefing e, na sequência, as fases da intuição e da racionalização ” sentir se a ideia vai ser aprovada e qual a relevância para a marca. As empresas mais inovadoras chegam nesse nível de aprovação, mas isso nem sempre acontece nas empresas que são mais conservadoras. Para estas, há ainda as fases da confiança e da validação.”Quanto maior é o controle de risco, menor pode ser o grau de criatividade”, comentou. “As ideias muito diferentes tem maior chances de dar errado e as pessoas tem mais aversão a perdas do que ficam contentes pelos ganhos”, explicou Graziela.
O painel “Profissionalismo – Melhores Práticas” teve a participação de Chieko Aoki, fundadora da Blue Tree Hotels, Robert Van Djik, Diretor Geral da Votorantim Wealth Management e Diretor da BVEP – Banco Votorantim Empreendimentos e Participações, e Rafael Teixeira, Managing Director & CFO na Volkswagen Financial Services. Foi comentado sobre as armadilhas concretas no dia a dia empresarial que podem comprometer a ética: ambiente propício, formação de equipes – que precisam ser sempre melhor que o gestor, resultado financeiro como principal objetivo e trabalhar no limite (que pode ser de capacidade, da lei etc). “Ética, para mim, é tão óbvio como o ar que respiramos, precisa ser natural, são princípios que não negociamos. Empresas são pessoas e se elas não tem ética, não há ética na organização”, citou Chieko Aoki.
A fundadora da Blue Tree falou sobre a competitividade do mundo, a necessidade dos profissionais em serem os melhores e, na opinião dela, a falta de ética é uma “doença” que está mitigando também as organizações. “Transparência, falarmos dos problemas da organização, espírito de união, respeito pelo outro são todos importantes quando falamos em ética”, complementou.
A última palestra do Fórum também abordou sobre “um caminho de uma nova prosperidade”, a possibilidade de construir um caminho de realizações no trabalho e na vida. Já que muitas pessoas passam a maior parte da vida no trabalho, a felicidade -ou paz de espírito – das pessoas deveria ser um dos objetivos das empresas. Abordou ainda a importância do serviço, que dignifica e traz felicidade-pessoas foram feitas para servir -, e que a ética é uma questão de atitude, não apenas de regras ou teoria.
A conclusão do encontro foi feita pelo Professor Emérito e fundador da EAESP/FGV Claude Machline. “Foi um conjunto de palestras extraordinário, tenho certeza que todos aprendemos muito e ficamos muito impressionados”. Ao final, o presidente da AMPRO, Kito Mansano, propôs a formação de um Conselho de Ética para a formação de um Manual de Conduta que será aprovado no II Congresso Brasileiro de Live Marketing, marcado para julho de 2015.
“O evento foi um sucesso, é o primeiro com o tema em 21 anos de Entidade. Conseguir reunir um grande número de empresários, agências e profissionais do meio pra discutir um tema tão polêmico e difícil, pela situação do país, é uma gratificação. Ver que as pessoas tem intenção de trabalhar de maneira mais correta e que o mercado precisa se posicionar de um jeito que a ética seja uma via de duas mãos”, afirmou Mansano.
Para Marcio Escher, diretor geral do Banco de eventos, o Fórum vem em momento oportuno. “Essa tem sido uma discussão recorrente, muito mais motivada pelas grandes multinacionais, e as agências precisam se adequar a essa realidade. É importante conseguirmos conciliar o movimento dos clientes com as agências, falarmos mesma linguagem. Promover essa discussão é fundamental, mas o grande movimento é transformá-la na prática e mobilizar as empresas a terem mais ciência em relação a essa postura”.
Opinião compartilhada por Celso Barros, gerente de marketing da Brasil Prev. “O Fórum ocorre em momento adequado, quando todo o país discute a ética e o modo como fazer negócios. E a importância de trazer esse assunto para o marketing, não só do ponto de vista das empresas, mas também das agências para a discussão da ética, inserida no Compliance, e da forma como esses dois agentes devem se relacionar e entender que estão inseridos num mercado competitivo. Esse é o primeiro Fórum, é muito adequado e deve se repetir no futuro com uma abrangência ainda maior”.
O 1º Fórum de Ética no Live Marketing, que aconteceu no último dia 04 de dezembro, contou com presença de representantes de 28 agências associadas AMPRO – MCI Group, Cobram, Trendix, Omelete, Marco Consultoria, Tudo, Bferraz, TV1, Hype, Netza, d|mattos Live Marketing, Bullet, Corpo 5, Insula Comunicação, Lâmpada, Ponto de Criação, Café Comunicação, Banco de Eventos, Batuque Promo, Núcleo Produções, Grupo Manga, Agencia Um , Etna, Opção X, Rock, Cia Group, Duo Turismo e Work On. O evento teve apoio da ABMR&A – Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio, da Live Mkt Cenográfico e da Time for Fun.
Sobre o Live Marketing
O Live Marketing se define pelas atividades de marketing que proporcionam interlocução viva entre marcas e pessoas, provocando compreensão diferenciada de produtos, serviços e marcas. Estimula e provoca, através das experiências sensoriais, as sensações sinestésicas, sejam elas táteis, olfativas, gustativas, visuais, auditivas ou correlacionadas. Promove as melhores experiências de marca que qualquer outra atividade de marketing pode proporcionar e gera o maior engajamento nas pessoas. É o Branding vivo e em cores.
Sobre a AMPRO
A AMPRO – Associação de Marketing Promocional é a maior entidade que representa o setor de Live Marketing em todo o país. Presidida por Kito Mansano, com sede em São Paulo, possui mais de 350 empresas associadas, com representação em várias regiões (sul, sudeste, centro-oeste e norte/nordeste). É a única que desenvolve nacionalmente a teoria e a prática do setor de Live Marketing de forma ampla e, para ganhar maior representatividade em prol das necessidades do setor, iniciou, em 2013, processo de criação de um sindicato, o SINDILIVE – Sindicato das Empresas de Live Marketing.
