Associação da Hotelaria de Portugal
Qual afinal o aumento de preços na Hotelaria nacional?

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), maior associação da indústria hoteleira em Portugal, tendo por base uma notícia publicada no dia 28 de agosto, num jornal económico, que dá conta de um suposto aumento de mais de 70% nos preços da hotelaria portuguesa entre junho de 2021 e junho de 2023, considera fundamental fazer o enquadramento e mostrar os dados corretos.

Feita uma pesquisa muito simples, a AHP concluiu que o “estudo” é apenas uma publicação de um professor de economia do IESEG School of Management, na rede social X (antigo Twitter), que pretende demonstrar a saúde do setor. Mesmo tendo sido um dos mais prejudicados durante a pandemia e, em seguida, com o aumento da inflação, conseguiu prosperar. Em nenhum momento, o referido académico fala de Portugal ou de algum país em particular, nem refere a fonte dos dados que publica.

Mais, a publicação em causa tem 3 quadros e legendas. O 1º quadro ilustra 2 momentos no tempo – junho de 2021 vs. junho 2023 – e compara os preços na hotelaria vs. preços gerais; o 2º quadro ilustra a queda de preços na hotelaria entre junho de 2019 e junho de 2021; o 3º quadro ilustra o aumento de preços entre junho de 2019 e junho de 2023.

Do 1º quadro resulta que entre esses 2 momentos isolados no tempo houve um aumento de preços de 70% de preços na hotelaria nacional. Ora, como o próprio autor explica, 2021 foi um ano de confinamento. E, como se sabe, Portugal estava em plena pandemia e com fortíssimas restrições ao Turismo (diferente do que acontecia em Malta, que já tinha atingido a imunidade de grupo). Ou seja, 70% não foi o crescimento em 2 anos!

Do 2º quadro, resulta que, no caso de Portugal, em 2021 face a 2019 registou-se a 2ª maior queda de preços na hotelaria na zona euro, menos 25,37% (só a Estónia é que teve uma maior queda, menos 28,69%).

Do 3º quadro, resulta que, entre junho de 2019 e junho de 2023, o crescimento de preços na hotelaria em Portugal foi de 27,62%; em Espanha, 28,16%; Croácia, 43,7%; Áustria, 39,14%; Irlanda, 33,74%; Itália, 33,39%.

Ou seja, naturalmente a notícia só ficaria completa com uma análise dos 3 quadros. E, já agora, com uma leitura dos comentários/legendas do próprio autor. E assim podemos inferir que não só a queda em Portugal dos preços na hotelaria foi a mais violenta, como, ao contrário dos outros países da Zona Euro, os preços gerais não subiram, como, em conclusão, a subida comparada até foi bastante mais modesta do que noutros países concorrentes. E só foi mais expressiva em termos comparados com o geral de preços da economia, porque, como se disse, estes não caíram em Portugal.

O Gabinete de Estudos & Estatísticas da AHP analisou a informação e concluiu que os dados se referem ao IHPC (Índice harmonizado dos preços no consumidor), disponibilizados pelo Eurostat, e deles resulta que houve um aumento generalizado do IHPC em toda a Zona Euro, bem como o IHPC dos serviços de alojamento.

No caso do IHPC dos serviços de alojamento, notou-se uma descida acentuada de 2019 até 2021, devido à pandemia e aos confinamentos, com variáveis totalmente explicáveis em razão das diferentes circunstâncias de cada país.

A AHP tentou contactar o autor para perguntar se esta era uma publicação pessoal ou se havia um estudo; se podia ter acesso ao mesmo; e quais as fontes, mas até ao momento não obteve resposta. De caminho, e visto que outros meios de comunicação social também replicaram a notícia, a AHP reforça que está totalmente disponível, e sempre que necessário, para apoiar os órgãos de comunicação social na análise da informação. De destacar que a publicação apenas foi notícia em Portugal.

Entretanto, a AHP fez um estudo específico sobre o indicador que mede a performance da hotelaria nacional, que cruza o Preço Médio por quarto vendido com a Taxa de Ocupação, que concluiu o seguinte:

RevPAR (Preço médio por quarto disponível em estabelecimentos hoteleiros)
junho 2019 a junho 2023

Em junho de 2019 o valor do RevPAR situava-se nos 62,11 euros; em junho de 2020, 13,18 euros; em junho de 2021, 31,50 euros; em junho de 2022, 69,99 euros; e em junho de 2023 foi de 78,11 euros.

Ou seja:

Entre junho de 2019 e junho de 2023, a diferença deste indicador é de 16 euros, isto é 25,7%. Já se compararmos o RevPAR de junho de 2023 com o de junho de 2021, verificamos que este indicador variou 46,61 euros, ou seja, 147,9%.

Finalmente, entre o RevPAR de junho de 2023 e o mês homólogo de 2022, a diferença é de 8,12 euros, isto é, mais 11,60%.

A AHP considera que é seu dever contribuir para o rigor estatístico e para a informação económica sustentada em dados oficiais e credíveis, designadamente pela importância que o Turismo tem para a economia nacional. É também convicção da Associação que o crescimento sustentado da nossa atividade como principal setor exportador de serviços de Portugal, fundamentalmente em razão do preço médio praticado pelas nossas unidades hoteleiras, é condição imprescindível para o aumento da produtividade, dos salários, da riqueza das comunidades onde o Turismo se insere e da prosperidade do País.

Sobre a Associação da Hotelaria de Portugal  

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) é a maior associação patronal da indústria hoteleira em Portugal. Com mais de 800 associados, a AHP representa toda a Hotelaria, bem como os estabelecimentos de alojamento local coletivo – Hostels, Guesthouses e blocos de apartamentos com serviço integrado -; Resorts; TER e TH. A AHP disponibiliza um conjunto de serviços indispensáveis para a gestão e operação das empresas, centrando a sua ação no negócio dos seus associados e no futuro da Hospitality Industry. Foi reconhecida como Associação de Utilidade Pública (outubro de 2013) e em fevereiro de 2022 foi condecorada pelo Presidente da República como “Membro Honorário da Ordem do Mérito Empresarial – Classe do Mérito Comercial”, em razão dos serviços relevantes no fomento e na valorização de um setor económico.