Participantes reuniram-se no Centro de Congressos de Aveiro, de 21 a 22 de março, para debater e refletir sobre a hotelaria e o turismo em Portugal
O XX Congresso ADHP decorreu nos dias 21 e 22 de março no Centro de Congressos de Aveiro. Sob o mote “Pilares de Valor da Hotelaria e do Turismo”, os trabalhos juntaram 743 congressistas para discutir os principais temas que marcam a agenda da hotelaria nacional.
Esta iniciativa, que constitui o principal evento no calendário da associação, acolheu também o Encontro Internacional de Diretores de Hotéis, tendo recebido comitivas de associações congéneres de Espanha, Itália e Alemanha.
Na noite do primeiro dia de Congresso, teve também lugar o jantar e a tradicional cerimónia de entrega dos Prémios Xénios 2024, que voltaram a reconhecer e distinguir os melhores diretores de hotel e o melhor parceiro de negócio do país. Na mesma cerimónia, a ADHP homenageou, com o Prémio Carreira, Manuel Proença, fundador da Hoti Hotéis. Mais de 550 participantes juntaram-se para assistir à entrega dos prémios e celebrar o capital humano que faz da hotelaria portuguesa uma referência internacional.
ADHP apela a “convergência” política para resolver problemas que afetam o turismo
Na sessão de abertura do congresso, o Presidente da ADHP, Fernando Garrido, apelou a consensos entre os responsáveis políticos para responder aos principais desafios que o turismo e a hotelaria nacionais enfrentam. “É fundamental que o novo governo tenha coragem e reúna a convergência das forças políticas para que assuma a resolução destes problemas estruturais”, referiu Fernando Garrido.
O Presidente da ADHP voltou a eleger a “valorização e reconhecimento dos recursos humanos” como uma prioridade. “Continuamos com uma legislação laboral completamente desajustada aos interesses dos próprios colaboradores, com a ausência de reconhecimento e valorização das profissões. A contratação dos profissionais hoteleiros continua assente sobre categorias profissionais inexistentes”, acrescentou o Presidente da ADHP.
Fernando Garrido recordou o papel que a associação tem vindo a desempenhar para o crescimento do turismo nacional e mostrou-se disponível para dialogar com o novo governo no sentido de colmatar os principais constrangimentos ao potencial do turismo português. “Este é o setor do futuro e já deu provas disso em momentos cruciais para o país. Como sempre, a ADHP está disponível para contribuir ativamente para a resolução destes problemas.”
Primeiro dia discutiu o impacto dos eventos-marca e os pilares de valor da hotelaria
A primeira sessão do primeiro dia incidiu sobre o “Impacto do ‘evento-marca’ para o destino”. José Ribau Esteves, Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, abordou a importância da chancela de “Capital Portuguesa da Cultura”, recebida por Aveiro em 2024, e explicou de que forma o município recuperou elementos da sua identidade cultural, como os canais, para construir uma marca forte. Ainda no campo das marcas, Lídia Monteiro (Turismo de Portugal) sublinhou o potencial dos eventos para produzir “destinos mais sólidos e com maior capacidade para captar turistas”, enquanto Pedro Machado se debruçou sobre a importância de atrair eventos com valor acrescentado para o território. Nuno Ferreira, do Guia Michelin, abordou a repercussão dos eventos sob a ótica da organização da Gala Michelin na região do Algarve em fevereiro deste ano, destacando os “impactos progressivos” como a “motivação” e a qualificação da oferta.
No painel “Pilares de valor da hotelaria”, Jorge Aníbal Catarino (JAC), Mariano Faz (AHM), Miguel Caldeira Proença (Hoti Hotéis) e Timo Gangl (Covivio) trocaram impressões sobre os quatro pilares que alimentam a proposta de valor dos hotéis – propriedade, exploração, gestão e marca. “O valor forma-se quer com opções estratégicas, quer no dia-a-dia: ter, por um lado, operações de excelência, com excelentes volumes de negócio e custos muito controlados, e, além dessa rendibilidade operacional, fazer bons investimentos”, explicou o key note speaker Jorge Aníbal Catarino, lembrando que “o valor cria-se e destrói-se todos os dias”.
O primeiro dia de congresso recebeu, ainda, a palestra “Decifrar L.Í.D.E.R.” de Alexandre Monteiro, orador e profiler, que explorou alguns princípios essenciais para uma boa liderança e uma comunicação de sucesso em contexto profissional.
Formação executiva, tendências de dados e aviação marcaram o segundo dia
O segundo dia de Congresso arrancou com um painel sobre “A importância da formação executiva no contexto de trabalho internacional”, que reuniu os presidentes das quatro associações de diretores de hotel presentes no evento para analisar o tema da sessão à luz da realidade de cada mercado. A sessão contou também com um key note address de Carlos Díez de La Lastra, CEO da Les Roches Global, que colocou em perspetiva algumas das tendências mais prementes na formação para a hotelaria, como a captação e fixação de talento, a valorização dos jovens profissionais e os mercados laborais emergentes. “A procura de talento para o turismo não é algo pontual nem pós-covid: é algo que permanecerá como um dos temas críticos para a continuidade do negócio do setor nos próximos anos”, alertou Carlos Díez de La Lastra. “Há um risco de que o negócio não possa continuar a funcionar em alguns tipos de hotel, ao nível que se espera, se não conseguirem resolver este problema com a captação e retenção de talento”.
“Hospitality data trends for 2024” foi o painel que se seguiu, com moderação de Luís Brites (Clever Hospitality Analytics) e participação de Nuno António (ITBase e Nova IMS) e Sérgio Guerreiro (Turismo de Portugal, Nova SBE e Nova IMS). Os oradores mapearam algumas das principais tendências de turismo para o futuro próximo, como a maior utilização da inteligência artificial pelos turistas millenials e gen Z, o crescimento do bleisure, o reforço do papel das redes sociais e a emergência da transformative travel. Foi também apresentado um estudo da Clever Hospitality Analytics, Nova IMS e Turismo de Portugal que identificou uma variação positiva nas room nights e na average daily rate verificadas no início de 2024 em relação ao período homólogo de 2023, bem como um crescimento da ocupação em época baixa.
A tarde do segundo dia iniciou-se com uma intervenção do Presidente da ADHP Júnior, Leonardo Simões, que apresentou o projeto “Embaixadores da Hotelaria”. Esta iniciativa, dinamizada pela secção jovem da associação, percorreu as escolas superiores de turismo de Portugal para recrutar embaixadores que estão a planear eventos, promover oportunidades de networking e desempenhar ações de mentoria, num esforço que pretende aproximar os estudantes ao mercado de trabalho e ao associativismo.
O último painel do dia, “A importância da aviação no destino”, juntou José Lopes (EasyJet), Francisco Pita (ANA), António Moura Portugal (Rena) e Sofia Lufinha (TAP) numa conversa moderada por Atílio Forte (Fortourism). Os quatro representantes discutiram o papel que a aviação exerce na escolha de um destino por parte dos consumidores e o valor acrescentado que traz para os países que serve ao contribuir para a dinamização de vários setores das economias nacionais – questões de particular importância num país em que “cerca de 80% dos turistas chegam por via aérea”, referiu Atílio Forte. Perspetivas quanto ao novo aeroporto e o hub de Lisboa, sustentabilidade na aviação, planos e prioridades para o futuro das quatro empresas marcaram a conversa naquele que foi o primeiro painel de um Congresso da ADHP dedicado exclusivamente à aviação.