Aline Karina, da Coordenação de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas, ganhou o “FAC Cultura Mulher”, que premia iniciativas de promoção da cultura e igualdade de gênero no DFSupervisora de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas da Embratur, Aline Karina, recebe o prêmio “FAC Cultura Mulher”, em Brasília, como reconhecimento a projetos vinculados ao Afroturismo no combate à violência contra a mulher (Foto: Ramona Jucá)
A supervisora de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas da Embratur, Aline Karina, recebeu, na última quarta-feira (8), o prêmio “FAC Cultura Mulher”, em Brasília, como reconhecimento a projetos vinculados ao Afroturismo no combate à violência contra a mulher.
O Fundo de Arte e Cultura reconhece e celebra mulheres notáveis do Distrito Federal que têm feito contribuições significativas no cenário cultural e no combate à violência contra a mulher. A celebração destaca o papel vital que as mulheres desempenham em suas comunidades e na promoção da cultura e igualdade de gênero.
Aline Karina concorreu com mais de 600 pessoas com dois projetos voltados ao Afroturismo: o Sebas Turística, com enfoque em turismo comunitário na região administrativa de São Sebastião – DF, e o Turismo Fora do Avião, iniciativa que expande o Afroturismo com o intuito de desconstruir o estereótipo existente sobre as periferias e comunidades, sobretudo, no DF e toda a região Centro-Oeste.
Em entrevista, a supervisora de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas conta como a premiação impacta mulheres negras no DF e a importância do Afroturismo nessas iniciativas. Confira:
1 – Você recebeu um reconhecimento importante: o prêmio “FAC Cultura Mulher”, que dá destaque à promoção da cultura e igualdade de gênero por meio de projetos que transformam a vida das mulheres e promovem o combate à violência contra a mulher. Gostaria que nos contasse sobre essas iniciativas vencedoras.
A partir do turismo como ferramenta de transformação social, compreendo os dois projetos, Sebas Turística e Turismo Fora do Avião, como uma ação integrada que impacta diretamente e indiretamente a vida das mulheres por meio do empreendedorismo. É uma forma de capacitar, empoderar e gerar emprego e renda, fazendo com que essas mulheres tenham autonomia, sobretudo promovendo acesso para mulheres negras e periféricas.
2 – O Afroturismo é uma pauta central da Embratur nesta gestão. O segmento representa um resgate à ancestralidade, às vivências, às histórias e à cultura do povo negro brasileiro por meio do turismo, priorizando o afroempreendedorismo e gerando emprego e renda em comunidades, quilombos e outros destinos afrocentrados. Como esses projetos vencedores impactam a vida de mulheres negras do DF?
As ações diretas de inclusão ao mercado de trabalho permitem a empregabilidade dessas mulheres. É uma forma de empregar, gerar renda e autonomia, principalmente, às mulheres negras e periféricas. Ao longo de sete anos, vários projetos, incluindo o Sebas Turística, impactaram diretamente 30 mulheres e indiretamente 500 em todo o Centro-Oeste. Estamos conseguindo mudar a realidade de mulheres, de famílias, e isso é motivo de muito orgulho. O impacto direto é empregar mulheres.
3 – O Sebas Turística e o Turismo Fora do Avião, além de promover o Afroturismo no DF e no Centro-Oeste, são ferramentas potentes no combate à violência contra a mulher. O índice no Distrito Federal ainda é alto. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, de janeiro a setembro de 2023, foram 13.519 ocorrências de violência doméstica ou familiar. Como os projetos atuam na redução desses números?
Os projetos atuam de uma forma potente e organizada através da contratação de mulheres negras e periféricas, criando autonomia e segurança financeira e inserção no mercado de trabalho. A partir do momento que a mulher tem essa autonomia, ela tem mais alternativas de se afastar de violências que ela já sofre. Ela tem direito de escolha.
4 – Segundo o Portal de Dados da Embratur, de janeiro a setembro deste ano, mais de quatro milhões de turistas estrangeiros visitaram o Brasil. De acordo com o levantamento, o segundo país que mais envia visitantes é os Estados Unidos, um país com bastante interesse no Afroturismo. As iniciativas vencedoras estão preparadas para receber os visitantes internacionais?
Estamos preparados para receber turistas, porém essas iniciativas vencedoras merecem uma melhor capacitação e estruturação de suas experiências para melhorar o atendimento a turistas internacionais. É possível, por exemplo, consolidar rotas de Afroturismo no Centro-Oeste conectando ações de cultura, ecoturismo, turismo de experiência e gastronomia de forma a unir vários elementos da nossa diversidade para enriquecer o segmento. Queremos capacitar mulheres para que elas tenham domínio em línguas estrangeiras, técnicas de empreendedorismo e de trabalho com economia criativa, cultura e turismo.
5 – Quais os próximos passos da Sebas Turística e do Turismo Fora do Avião? Já existe um planejamento de ações para 2024?
O Sebas Turística está lançando o Guia Turístico Rotas de São Sebastião (DF), com foco nos principais atrativos da região. Além disso, temos o nosso site que vem lançando o primeiro Guia Turístico do Afroturismo do Centro-Oeste. Já fizemos o mapeamento das regiões administrativas do Distrito Federal e em seus equipamentos culturais, que geram um fluxo turístico de visitantes por meio de ações que focam no empreendedorismo. Queremos nos tornar a maior empresa de Afroturismo do Centro-Oeste que gera inclusão e geração de emprego e renda para mulheres negras, indígenas, quilombolas, periféricas etc.