O Presidente da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal(ADHP), Fernando Garrido em entrevista exclusiva afirmou que “sem dúvida a maior preocupação que ao mesmo tempo é um desafio, é fazer face à escassez de recursos que estamos a enfrentar, que põe em causa o funcionamento das unidades em pleno”. Veja a entrevista completa à jornalista Cristina Lira!

Cristina Lira-O que representa para si ser presidente eleito da ADHP?

Fernando Garrido – É para mim uma enorme honra assumir este desafio, com um elevado sentido de responsabilidade e dever!

A ADHP, sempre acompanhou em paralelo a minha vida profissional, desde o tempo de estudante, momento em que fazia parte da direção da ADHP Júnior, em conjunto com o meu amigo Raúl Ribeiro Ferreira. O assumir da presidência da Associação, tem como objetivo a procura de um maior reconhecimento da profissão de diretor de hotel, que não foi possível de alcançar durante o último mandato.

Cristina Lira- Quantos associados a ADHP tem?

Fernando Garrido -Atualmente possuímos cerca de 1248 associados

Cristina Lira- Quais ações planeja fazer ?

Fernando Garrido – Continuaremos a apostar na proximidade ao ensino, procurando a contribuir de uma forma ativa na definição das competências dos profissionais futuros.

Para este efeito iremos criar um conselho pedagógico dentro da associação, que irá reunir as entidades públicas e privadas que ministram cursos no ensino superior, relacionados com o sector.

No centro de formação da ADHP, continuaremos a apostar no curso de especialização em Direção hoteleira, altamente reconhecido pelo meio, adicionando módulos complementares a esta formação. Alargando ainda as parcerias com entidades externas, para a criação e certificação de formações “Tailor made”

Por outro lado, iremos desenvolver Dados estatísticos diferenciados, que contribuam no apoio à gestão dos diretores de hotéis, como é exemplo o que estamos a desenvolver relativamente às remunerações do sector.

Ao nível dos eventos, teremos a responsabilidade de celebrar os 50 anos da associação no próximo ano e continuaremos a realizar os congressos nacionais da ADHP, em conjunto com a entrega dos prémios xénios que reconhecem os profissionais do sector.

Nas últimas 2ª feiras de cada mês lançaremos o “be our guest”, uma conversa descontraída através da plataforma ZOOM, com grandes convidados ao sabor de um copo de vinho. Já no próximo dia 30/05 (2ª Feira) estaremos à conversa com Mário Candeias que é Managing Director no Espinas Palace Hotel, no irão. Sigam-nos nas redes sociais para saber mais detalhes

A revista Dirhotel, continuará a pugnar pela diferenciação, na oferta de artigos técnicos com um carácter formativo de relevância e de conhecimento técnico, de forma a poder servir de base ao ensino e mais que tudo aos profissionais do sector.

As diferentes delegações da ADHP e a ADHP júnior, continuarão a ser dinamizadas de forma a garantir a proximidade, constante reconhecimento e apoio às diferentes realidades vividas pelos profissionais e futuros profissionais do sector.

Cristina Lira- Qual o maior desafio?

Fernando Garrido -O maior desafio deste mandato será sem dúvida, alcançarmos o reconhecimento da profissão por parte da tutela!

Cristina Lira – Com a retomada do Turismo, qual a maior preocupação hoje na hotelaria portuguesa?. Como está a qualificação dos colaboradores desse setor?

Fernando Garrido – Sem dúvida a maior preocupação que ao mesmo tempo é um desafio, é fazer face à escassez de recursos que estamos a enfrentar, que põe em causa o funcionamento das unidades em pleno. Quando antes da pandemia os diretores de hotel falavam na importância de reter os talentos produzidos nas nossas universidades e escolas profissionais, neste momento, dada a escassez, falamos simplesmente em ter recursos, promovendo-se internamente a sua formação.

Cristina Lira-Outro dia, o Algarve divulgou que precisava de 3 mil trabalhadores brasileiros para o verão ?. Porque o brasileiro é tao procurado pela hotelaria portuguesa?

Fernando Garrido – A comunidade brasileira como outras ligadas aos PALOPS, para além de serem bons profissionais, principalmente na componente de venda de serviços sejam eles de: alojamento, F&B ou outros, tem a grande vantagem da Língua nativa ser a mesma, permitindo a sua incorporação imediata nas operações das unidades hoteleiras.

Cristina Lira- O turista brasileiro representa quanto na hotelaria portuguesa?

Fernando Garrido – Segundo o Travel BI em 2019 no que diz respeito o n.º de Room nights, o Brasil acumulado ao ano possuía um quota de mercado de 6%, se olharmos para este mesmo indicador a fevereiro de 2022, a quota é de 6,9 que face a 2019 no mesmo período representa -44,8%. De qualquer apesar de ainda não existirem números mais recentes acreditamos que esta diferença é já menor a partir do mês de abril.

Cristina Lira- Como está a previsao da ocupação hoteleira para o verão?

Fernando Garrido -Com a pandemia o comportamento do cliente mudou radicalmente, quando anteriormente para os clientes de lazer estávamos a falar de uma janela de reserva superior a 30 dias, hoje em dia a reserva é normalmente inferior a 7 dias, isto porque há um maior receio de existirem fatores que condicionem estas viagens.

Posto isto poderemos dizer que embora as reservas que existam em carteira em especialmente nas cidades de lisboa e porto, não sejam significativas, todos os sinais indicam que teremos um ano de verdadeira retoma e consequentemente com uma muito boa ocupação. Já em cidades que possuem um predominância de lazer e com uma componente sazonal, verifica-se já hoje uma forte ocupação nos períodos que anteriormente era mais fortes em termos de atividade.

Sobre Fernando Garrido
Desde fevereiro de 2022, Fernando Garrido é General Manager do Olissippo Oriente. O
profissional da hotelaria liderou, também, o Olissippo Marquês de Sá, de 2019 a 2022, e o Hotel
York House Lisbon, entre 2017 e 2019. No currículo, conta ainda com passagem pelo grupo
Accor, durante cerca de 16 anos, onde desempenhou funções desde Procurement Category
Manager para a Accor Península Ibérica a assistente de direção de diferentes unidades do grupo,
entre as quais o Mercure Lisboa, o Mercure Figueira da Foz e o Novotel Setúbal. Atualmente, é,
também, docente da Licenciatura em Gestão Turística do ISCE – Instituto Superior de Lisboa e
Vale do Tejo. Exerceu funções de Vice-Presidente da Direção da ADHP entre 2013 e 2022, ano
em que foi eleito Presidente da Direção para o mandato trienal de 2022-2025.

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