Estudo do Sebrae, elaborado em parceria com a Associação Bean to Bar Brasil, é o primeiro a traçar o perfil dos pequenos negócios desse ramoAssim como as cervejas, os queijos e os cafés artesanais, o gosto por chocolates diferenciados tem crescido entre os consumidores brasileiros. De acordo com pesquisa realizada pelo Sebrae, em parceria com a Associação Bean to Bar Brasil, mais de 50% dos negócios ligados a esse segmento surgiram nos últimos quatro anos e o faturamento de 42% dessas empresas, apesar da pandemia, foi maior em 2020 do que em 2019, 46% já estão apresentando lucro nesse ano e 81% acreditam que o faturamento de 2021 será melhor.Essa é a primeira pesquisa realizada no Brasil que analisou esse mercado e traçou um perfil desses empreendedores. O estudo analisou tanto os empreendedores “Bean to Bar”, aqueles que compram as sementes de cacau para produzir o chocolate, quanto os “Tree to Bar”, que são aqueles que produzem o cacau e o próprio chocolate. “Podemos dizer que o mercado de chocolates artesanais está passando por um boom e que ainda tem espaço para crescer. Essa é uma tendência mundial e os brasileiros estão buscando cada vez mais produtos de maior qualidade, com origem e valor agregados, mesmo que eles paguem mais por essas mercadorias especiais”, comenta o analista de competitividade do Sebrae Luiz Rebelatto.De acordo com o levantamento, 71% dos chocolates são produzidos em fábricas próprias, 25% na casa dos próprios empreendedores e apenas 4% terceirizam os seus produtos. “São empreendedores que prezam por criar itens com características únicas, por oferecerem um chocolate diferenciado e acompanham o seu produto do início ao fim e, por isso, a grande maioria usa como estratégia colocar a sua própria marca no mercado”, analisa Rebelatto. A marca também estimula que grande parte desses empreendedores comercializem seus produtos por meio de lojas e e-commerce próprios ou por venda direta presencial e escolham como principal meio de divulgação as redes sociais, principalmente o Instagram e WhatsApp.“O fato de sermos um país de origem de cacau que também faz chocolate em breve vai nos trazer para uma posição de referência mundial em chocolate Bean to Bar assim como a Suiça para o chocolate tradicional. O número de produtores tree to bar e a comunicação constante e próxima entre produtores de amêndoas especiais de cacau e chocolate makers só coopera para o aumento de qualidade do cacau e, por consequência, do chocolate.” Juliana Aquino, presidente da Associação Bean to Bar Brasil.Composto majoritariamente por pequenos negócios, o universo das empresas de chocolate artesanal é dominado por aquelas que apresentam faturamento anual de até R$ 81 mil, com 78% dos entrevistados. Além disso, 43% possuem entre dois e quatro funcionários, sendo que 33% trabalham sozinhos ou possuem, no máximo um colaborador. A característica da produção artesanal desse chocolate e o porte também interferem no volume de produção: 67% produzem, em média, até 100 quilos por mês.Os principais produtos produzidos são barras (97%), nibs de cacau (60%) e bombons (51%) e chocolate para food service (38%). “Apesar da grande variedade de produtos oferecidos, grande parte do faturamento dessas empresas tem como origem a venda de chocolate em barra, que corresponde, em média, a 82% do faturamento desses negócios”, observa o analista do Sebrae.O gosto diferenciado dos consumidores também faz com que esses donos de pequenos negócios tenham como carro chefe da sua produção os chocolates mais intensos, com concentração entre 70% e 89% de cacau: 94% desses negócios produzem esse tipo de chocolate. Chama a atenção ainda que metade dos produtores já trabalham com chocolate vegano e outros 35%, zero açúcar.PerfilAs mulheres são maioria entre os empreendedores do mercado artesanal de chocolates e correspondem a 57%. Entre os donos desses pequenos negócios, 37% têm entre 36 e 45 anos e, no geral, a escolaridade desses empreendedores é bem superior a média dos donos de pequenos negócios brasileiros: 80% possuem, no mínimo o superior completo e 84% já realizaram ao menos um curso relativo ao setor de chocolate e cacau.“São profissionais que estão antenados nas tendências e que buscam constantemente fazer cursos”, ressalta Luiz Rebelatto. Entre as capacitações que esse grupo de empreendedores menciona interesse em participar estão as que ajudam no mercado e vendas, inovação, organização, legislação e planejamento. “Esse estudo, além de traçar um raio x do mercado de chocolates artesanais no Brasil, também irá auxiliar o Sebrae e instituições parceiras a elaborarem capacitações e programas voltados especialmente para esse segmento”, complementa o analista de competitividade do Sebrae. |