De braços ao voluntariado

Luiz Gonzaga Bertelli

O processo de industrialização no Brasil, que chegou ao Centro-Sul nos anos 1950, tardou a emigrar para outras regiões do país, promovendo forte desigualdade regional. Em busca de uma vida melhor, milhões de migrantes do Norte-Nordeste rumaram aos centros mais desenvolvidos. Pelo despreparo das grandes cidades para receber tamanho contingente populacional, muitas acabaram inchando as periferias e agravando os problemas sociais típicos das metrópoles. Com o passar dos anos, a situação só se agravou e, em momentos de crise, isso fica ainda mais evidente.

As entidades filantrópicas do terceiro setor surgiram para atuar nesse gap deixado pelo poder público em ações nas áreas de assistência social, educação, cultura e saúde, prioritariamente. Mas para alimentar a rede, é necessária a ação de voluntários, pessoas que doam parte do seu tempo, sem remuneração, para fazer o bem por meio de práticas sociais. Um verdadeiro exercício de humildade e altruísmo. Para muitos, uma necessidade de servir e ajudar a quem nada tem. É pelo esforço dos voluntários que a maioria das entidades filantrópicas sobrevive e desenvolve serviços de auxílio humanitário.

Alinhado a essa tendência, o CIEE incentiva o voluntariado entre estagiários e aprendizes, desenvolvendo o espírito de solidariedade e responsabilidade social. Participantes do Aprendiz Legal – programa de aprendizagem do CIEE para jovens de 14 a 24 anos – costumam angariar brinquedos, mantimentos, livros para entidades carentes. Até mesmo entre os colaboradores, o CIEE incentiva a prática, premiando trabalhos voluntários em outras instituições.

O voluntariado é um ato de dignidade e afeto com o ser humano. Neste momento de crise econômica e institucional, atos como esses servem de exemplo para que ainda acreditemos em uma sociedade mais justa e na criação de uma grande nação, livre das injustiças, da corrupção e da violência. Em sua sabedoria, São Francisco de Assis já dizia: “Comece fazendo o que é necessário; depois o que é possível; e, de repente, você estará fazendo o impossível.”

*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História (APH).

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