Cruzeiros Marítimos injetaram R$ 1,607 bilhão na economia brasileira durante a temporada 2016/2017
Setor embarcou 358 mil passageiros. 51% destas pessoas viajaram de navio pela primeira vez
O Estudo de Perfil e Impactos Econômicos de Cruzeiros Marítimos no Brasil, realizado em parceria entre a CLIA BRASIL (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), traz dados inéditos da temporada 2016/2017 no Brasil e no mundo, além de traçar a interferência do cenário da economia nacional e internacional no segmento e no comportamento do turista.
R$ 1,607 bilhão foi o impacto econômico dessa atividade turística na economia do Brasil, durante a temporada que teve início em novembro de 2016 e término em abril deste ano. Esse número, que engloba tanto os gastos diretos e indiretos das companhias marítimas, quanto os gastos de cruzeiristas e tripulantes, foi 15,9% menor em comparação ao período 2015/2016.
Desse total, R$ 752 milhões foram gerados pelos gastos das armadoras com combustíveis, taxas portuárias e impostos, compras de suprimentos, comissionamento de agências de viagens e operadoras de turismo, água e lixo, salários pagos, além de custos com marketing e escritório, entre outros. Os gastos totais de cruzeiristas e tripulantes nas cidades e portos de embarque/ desembarque e trânsito, que incluem compras de passeios turísticos, suvenires, alimentos e bebidas e transporte durante, antes e/ou após a viagem, foram de R$ 855 milhões.
O número de embarques na temporada foi de 358 mil cruzeiristas, 35,2% menos pessoas em relação ao período de 2015/2016. Essa diminuição se deve ao momento desfavorável que a economia brasileira está enfrentando e à consequente redução de participação do mercado doméstico neste segmento. Ainda assim, os impactos na economia e na geração de empregos beneficiaram destinos turísticos, operadoras e agências de viagens.
O levantamento ainda mostra que o turista gastou, em média, R$ 2.100,00 com a compra de um cruzeiro marítimo, e o tempo médio da viagem foi de seis dias. Além disso, o estudo mostra que cada viajante gastou, em média, R$ 559,80 nas cidades de escala.
Empregos
Na temporada 2016/2017 foram gerados 25.279 postos de trabalho na economia brasileira. Do total de empregos criados pelo segmento, 1.935 foram de tripulantes dos navios e outros 23.344 empregos diversos, de forma direta, indireta e induzida, motivados pelos gastos dos turistas nas cidades portuárias de embarque/desembarque e visitadas, além dos gerados na cadeia produtiva de apoio ao setor.
Destinos
A maior parte dos pesquisados (mais precisamente 86,2%) deseja realizar uma nova viagem de cruzeiro, e quando perguntados sobre o destino de preferência no Brasil, 58,1% deles informaram o Litoral Nordeste e, em seguida, aparece a Costa Sul, com 16% da procura. No exterior, 37,7% dos cruzeiristas indicaram o Caribe como preferência de viagem, seguido da Europa, com 36,4%.
Perfil do viajante
O segmento de cruzeiros é bem específico no que diz respeito aos hábitos de viagens dos cruzeiristas. Os resultados da pesquisa destacam que a indicação de amigos e parentes (28,8%) e os preços baixos (12,1%) foram os principais fatores de influência na decisão de fazer uma viagem de cruzeiro.
Quanto à frequência, 51,7% dos cruzeiristas realizavam sua primeira viagem de navio, enquanto que 48,3% já haviam viajado de cruzeiro (três vezes, em média).
No que diz respeito à origem dos turistas pesquisados, 90,9% residem no Brasil, sendo a maioria dos entrevistados procedentes do Estado de São Paulo (54,9%), seguido do Estado do Rio de Janeiro (16%) e do Estado de Minas Gerais (6,3%). Dentre os estrangeiros (9,1%), destaca-se a Argentina, com 55% dos pesquisados.
Expansão e crescimento para a próxima temporada
As oportunidades de expansão são observadas estrategicamente pelo setor de cruzeiros no Brasil, pois este é o segmento do turismo que mais cresceu no mundo nos últimos 10 anos. A indústria colocará no mercado 82 navios até 2026.
O Brasil já tem um novo destino programado, Balneário Camboriú (SC), fato que levará os cruzeiristas a terem mais um fator de influência na hora de se decidirem pela viagem. A busca por novos destinos (mercados nacionais) continua e podem ser incluídos no calendário de Cruzeiros para as próximas temporadas brasileiras.
Realização de eventos corporativos tem sido uma tendência de mercado com resultados positivos já que as organizações, cada vez mais, buscam sair do convencional;
Outro nicho a ser trabalhado como uma grande oportunidade é a realização de casamentos em alto mar onde os convidados, além de participar de uma festa, aproveitam para realizar a viagem de navio ao lado de amigos.
Na arena internacional de oportunidades de desenvolvimento para o mercado brasileiro, cabe atenção às tensões estabelecidas entre mercados da America do Norte e Caribe (por exemplo, EUA e Cuba), que poderá provocar movimentação de substituição de mercados, gerando necessidade de transferência de navios para outras rotas.
Ainda no ambiente de substituição de mercados, observa-se uma delicada situação vivida pelos cruzeiros que atendem ao mercado chinês nos mares do norte asiático, fazendo com que os navios não acessem a Coréia do Sul. Neste sentido, o Brasil poderia se beneficiar da necessidade de deslocamento de rotas.
Os Cruzeiros no Mundo
No mundo, o setor de cruzeiros continua crescendo ano a ano. Esse acréscimo é impulsionado, principalmente, pelo aumento da quantidade de Cruzeiros, que em 2016 ganhou dez novos navios e capacidade adicional total de 22.309 pessoas e, para 2017, cinco novos navios e com capacidade adicional total de 17.328 pessoas (Cruise Market Watch).
A América do Norte segue líder do ranking de origem desses viajantes, com uma quantidade estimada em 12,2 milhões, sendo os Estados Unidos o principal país com 11,5 milhões. A Europa registrou 5,7 milhões de cruzeiristas. A procura por cruzeiros aumentou 62% de 2005 a 2015, de acordo com a CLIA (2016). Segundo a Associação Internacional de Cruzeiros (CLIA), em 2016, o número total de cruzeiristas foi de 24,7 milhões e a projeção para 2017 é de 25,8 milhões (crescimento de 4,5%).