Bares e restaurantes estão otimistas para o primeiro trimestre de 2025, aponta pesquisa da Abrasel
Apesar da boa expectativa, aumento do ICMS em São Paulo preocupa empresários e ameaça a recuperação do setor no estado
Imagem: Tânia Rêgo | Agência Brasil
O setor de alimentação fora do lar começa 2025 com otimismo, conforme revela a pesquisa realizada pela Abrasel em dezembro. A maioria dos empreendedores (73%) espera um aumento nas vendas no primeiro trimestre do ano, comparado ao mesmo período de 2024.
No entanto, esse otimismo contrasta com os desafios enfrentados pelo setor em São Paulo, com o possível aumento da carga tributária previsto para janeiro do próximo ano e que promete triplicar o ICMS para bares, restaurantes e padarias. A medida, sinalizada pelo governador Tarcísio, deve aumentar o imposto de 3,2% para 12%, preocupa empresários e pode comprometer a recuperação de muitos negócios, ainda marcados pelas dívidas acumuladas durante a pandemia.
O presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, reitera que, para haver uma tendência de melhora para a saúde financeira do setor, é necessário que sejam adotadas estratégias para tornar o ambiente favorável. Decisões como o aumento do ICMS em São Paulo são apontadas como exemplos de medidas que impedem completamente a recuperação do setor e geram impactos negativos em toda a cadeia.
“Estamos diante de um cenário desafiador. Apesar da confiança no crescimento das vendas, o aumento do ICMS em São Paulo é uma medida que ameaça a sobrevivência de milhares de empresas. Essa decisão não apenas impactará os empresários, mas também os consumidores, que sentirão o aumento dos preços nos cardápios”, explica Solmucci.
Solmucci também faz um alerta sobre as consequências sociais dessa política tributária: “Triplicar o imposto em um estado como São Paulo, que concentra tantas empresas do setor, é como colocar uma âncora no caminho da recuperação econômica”.
Desafios no final de ano
Apesar do otimismo para os primeiros meses de 2025, a inflação continua sendo um desafio importante para o setor, com 32% dos entrevistados afirmando que não conseguiram reajustar os preços de seus cardápios nos últimos 12 meses. Para 60%, os reajustes foram realizados abaixo ou conforme a inflação, enquanto apenas 9% conseguiram realizar ajustes superiores à inflação. Esses números refletem a pressão constante sobre as margens de lucro, especialmente com o aumento nos custos de insumos essenciais como alimentos e energia. Esses resultados indicam que, mesmo com as projeções de que as festas e confraternizações de fim ano ajudem a elevar o faturamento, as empresas seguem enfrentando um desafio constante para se manterem de portas abertas, com dificuldade de equilibrar as contas a pagar e os impactos da inflação.
A pesquisa ainda mostra que o endividamento no setor continua elevado, com 39% das empresas enfrentando dívidas em atraso, entre elas, impostos federais (71%), impostos estaduais (48%), empréstimos bancários (35%), encargos trabalhistas e previdenciários (28%), serviços públicos como água, luz, gás e telefone (25%), taxas municipais (21%), fornecedores de insumos como alimentos e bebidas (20%), aluguel (19%), fornecedores de equipamentos e serviços (10%) e empregados (7%).