Apenas 7% das empresas brasileiras são mais produtivas do que as concorrentes estrangeiras

Pesquisa da CNI mostra que a qualidade da mão de obra e a

infraestrutura de transporte são os principais entraves ao aumento da produtividade

A produtividade aumentou em 64% das indústrias de transformação e extrativa brasileiras. No entanto, apenas 7% das empresas consideram que são mais produtivas do que as concorrentes estrangeiras. As conclusões são da Sondagem Especial Produtividade, que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga nesta quarta-feira, 4 de dezembro. A pesquisa mostra a percepção dos empresários da indústria extrativa e de transformação sobre a produtividade nos últimos cinco anos.

De acordo com o levantamento, a produtividade aumentou mais nas empresas de grande porte. Em 69% das grandes indústrias, a produtividade cresceu muito ou cresceu nos últimos cinco anos. Nas pequenas empresas, esse percentual cai para 59%. Entre os setores, o destaque positivo foi da indústria  de derivados do petróleo. Nesse segmento,  88% das empresas disseram que a produtividade cresceu ou cresceu muito.

Ao se compararem com as concorrentes nacionais, 19% das empresas acreditam que são mais produtivas e 46% dizem que têm produtividade similar. Mas a avaliação muda quando a indústria brasileira se compara com as de outros países: 20% das entrevistadas afirmam que são menos  produtivas e 19% se classificam como tão produtivas quanto às concorrentes estrangeiras.

“Ao se comparar os resultados entre os portes, nota-se que 30% das grandes empresas consideram que sua produtividade é maior ou igual à das concorrentes estrangeiras. Para as pequenas e médias, esse percentual cai para 13% e 18%, respectivamente”, afirma a pesquisa. “A indústria brasileira reconhece a dificuldade de concorrer com as estrangeiras”, diz o gerente executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.

QUALIFICAÇÃO DO TRABALHADOR – Entre os fatores relacionados ao processo produtivo ou à logística das empresas industriais, a qualidade da mão de obra foi apontada como o principal obstáculo ao aumento da produtividade. Em seguida, vem  a infraestrutura de transporte, a qualidade dos serviços de telecomunicações e o fornecimento de energia – todos fatores considerados prejudiciais à produtividade das empresas.

Os empresários avaliaram o impacto de 10 fatores sobre a evolução da produtividade nos últimos cinco anos. O resultado é apresentado  por meio de um indicador que varia de zero a cem, em que  valores acima de 50 significam efeito positivo sobre a produtividade. Abaixo de 50 indicam impacto negativo. A qualidade da mão de obra obteve 34 pontos e a infraestrutura de transporte ficou com 36 pontos.  A qualidade dos serviços de telecomunicação alcançou 44 pontos e, a qualidade do fornecimento de energia, 45 pontos.

Fonseca explica que, mesmo com  os investimentos feitos pela indústria para qualificar o trabalhador,  a qualidade da mão de obra prejudica a produtividade por causa das deficiências na educação básica brasileira. “É mais difícil qualificar trabalhadores que têm uma educação básica deficiente”, afirmou o economista.  Segundo ele, os problemas na área de infraestrutura de transporte podem diminuir com as concessões do governo nessa área. “Os investimentos do governo e do setor privado em infraestrutura e a melhoria da qualidade da educação contribuirão para elevar a produtividade brasileira”, destacou Fonseca.

No sentido oposto,  o método de gestão, com 71 pontos, e a qualidade e a atualização tecnológica dos equipamentos, com 70 pontos, foram os fatores que mais impulsionaram a produtividade.

A Sondagem Especial Produtividade Indústria de Transformação e Extrativa foi feita  entre 1º e 11 de outubro com 2.002 empresas. Dessas, 792 são pequenas, 716 são médias e 494 são de grande porte.