Com representantes dos presidenciáveis e experts do turismo nacional e internacional, evento foi um dos mais concorridos da Vila do Saber
“O turismo pode ser o grande vetor do desenvolvimento do Brasil”. Ao fazer esta afirmação, o presidente da ABAV Nacional, Antonio Azevedo, fez a apresentação dos convidados que compuseram a mesa: ministro Vinicius Lages (também representante da candidata à reeleição, Dilma Rousseff); empresária Érica Drumond (ex-secretária de Turismo de Minas Gerais e representante do senador Aécio Neves); Márcio Favilla, diretor-executivo da Organização Mundial do Turismo, e Lars Thyker, chairman da Aliança Mundial das Associações de Agências de Viagens (WTAAA, na sigla em inglês).
O primeiro expositor foi Márcio Favilla, que abriu seu speech com a pergunta: “Por que o Turismo é relevante”? Em seguida, apresentou um painel sucinto com dados sobre a movimentação turística no mundo a partir de 1950. “Um em cada 11 empregos no mundo deriva do setor de turismo. Movimenta 9% do PIB mundial e representa 9% de todas as exportações. No setor de serviços, representa 29%. Só em 2013, a atividade turística gerou a receita de US$ 1,15 trilhão”. Mais adiante, pontua que a China se tornou o maior emissor turístico do mundo.
Enquanto a movimentação turística foi de 25 milhões de pessoas em 1950, chegará a 1,4 bilhão em 2020. “Isso tem relação direta com a redução dos custos para viajar”, frisou Favilla. Também mostrou a emergência de novas economias do ponto de vista de destinos mais visitados – entre elas a Turquia e países do sudeste asiático. Embora o Brasil ainda esteja distante das grandes potências turísticas internacionais, Favilla acredita que a América do Sul apresenta boas perspectivas, especialmente do turismo regional entre os países – incluindo o Brasil.
Fatores-chave para o desenvolvimento sustentável do turismo
Favilla apresentou o decálogo abaixo como síntese:
1 – Marco institucional e legal
2 – Cooperação junto com a competição
3 – Gestão política do destino turístico (governanças includentes)
4 – Política de investimentos/concessões
5 – Infraestrutura (conectividade/acessibilidade)
6 – Diversificação dos destinos
7– Comércio e promoção de produtos e destinos
8 – Pesquisa e conhecimento do setor
9 – Formação, aperfeiçoamento e treinamento de RH
10– Gestão de riscos e crises – percepção em relação ao destino
Érica Drumond defende candidatura Aécio Neves
A empresária mineira abriu sua fala afirmando que o futuro do turismo brasileiro passa pelo novo Presidente da República. “Para mim, temos que adotar políticas que não sejam vítimas da descontinuidade. Apoio a candidatura do Aécio Neves pela sua capacidade de delegar. Ele propõe não o país do futuro, mas o país do agora. Com ele, acredito que podemos acabar com o subemprego no turismo, por meio de mudanças na legislação que prevejam o trabalho sazonal e mesmo circunstancial. Precisamos de uma política de país e não de poder”. Encerra a apresentação pedindo votos para o candidato Aécio Neves.
Ministro Vinícius Lages
“Pensar o futuro é pensar o presente”, sustentou. Lembrou que de 2003 em diante o turismo cresceu muito no Brasil, culminando com o sucesso da realização da Copa do mundo de 2014. “Os visitantes estrangeiros ficaram encantados com a hospitalidade brasileira. No entanto, ainda há muito o que fazer e muitos ajustes são imprescindíveis. O Brasil, por exemplo, tem parques maravilhosos. Porém, enquanto nos Estados Unidos esses destinos atraem 240 milhões de turistas por ano, os nossos são visitados por parcos 6 milhões”.
Lages comentou sobre vários pontos que obstruem o avanço mais rápido da atividade turística no Brasil. “Precisamos investir muito em infraestrutura, com ênfase nas estradas, portos e aeroportos. A aviação regional é indispensável para alavancarmos tanto o turismo interno como externo”. O ministro acrescenta que o grande desafio do próximo Presidente da República está em colocar o Brasil na agenda do turismo internacional.
Lars Thyker
O chairman da WTAAA, o dinamarquês Lars Thyker, esbanjando bom-humor, disse que não daria opinião sobre eleições brasileiras. Para ele, o Brasil tem tudo para se tornar uma grande potência mundial em turismo. “Cabe lembrar que a atividade turística ajuda as pessoas a se tornarem melhores. Há questões que atrapalham o turismo brasileiro e, segundo Thyker, a obrigatoriedade de visto é uma delas. “Visto é coisa do passado”, sustentou. Também citou o excesso de burocracia como entrave, além da falta de trens no sistema modal brasileiro. “Vocês, brasileiros, têm produtos entre os melhores do mundo; o turismo de aventura é um deles. Sugiro investimentos melhor dimensionados e mais volumosos em Marketing, para o mundo incluir o país nas opções de viagens”.