Nem só de praias paradisíacas vive o arquipélago. Ruínas e naufrágios também atraem os turistas
O cenário paradisíaco de Fernando de Noronha, certamente, é um atrativo para quem está planejando a viagem até o arquipélago, mas as ilhas escondem, ainda, outras maravilhas, como ruínas e naufrágios, que revelam não só a história de Pernambuco, como também do Brasil. Um prato cheio para quem está em busca de aventura e conhecimento. Ao longo dos três quilômetros da trilha de Pontinha-Pedra Alta, por exemplo, é possível observar as Pedras Secas, responsáveis pelo primeiro naufrágio ocorrido no país, em 1503. A caminhada, que é obrigatoriamente acompanhada por um guia, começa próxima a Praia do Atalaia e termina na quase secreta Enseada da Caieira, situada no Parque Marinho de Noronha.
Os pousadeiros Gustavo Longman e Guilherme Luck, que mantêm as Pousadas EcoCharme na ilha, explicam que o título de “praia secreta” da Enseada se dá pelo fato de ela não estar presente nos roteiros turísticos da maioria das pessoas que visitam o arquipélago, além de ser a protegida dos moradores locais. “Muitos dos habitantes de Noronha têm uma espécie de pacto silencioso para não colocar a praia na rota dos turistas, deixando-a, assim, como área vip para os nativos”, comenta Longman. Quem resolver visitar o local, entretanto, poderá encontrar belíssimos traços do vulcanismo noronhoense e rastros do rio de fogo de correu por ali, deixando amontoados de cinzas em formato de cone. Por lá, também é possível observar a formação de esguichos que surgem por força da pressão da maré, produzindo um barulho encantador, que é conhecido por muitos como a respiração do mar.
Já na Ponta da Sapata, os turistas podem encontrar o naufrágio mais bem conservado do Brasil, a corveta Ipiranga, afundada em 1983. A rocha, que se projeta a mais de 70 metros de profundidade, é um conhecido perigo à navegação e alguns pesquisadores suspeitam que ela também tenha sido a responsável pelo naufrágio da Nau de Américo Vespúcio. A corveta tem praticamente toda a sua estrutura preservada e ainda é possível encontrar, em seu interior, quase todos os objetos e pertences que foram abandonados pela tripulação durante o naufrágio. Outro navio, o grego Eleane Stathatos, naufragado nos anos 30, também pode ser observado na ilha, na baía de Santo Antônio. Para Longman, essa é uma opção para quem quer conhecer as maravilhas escondidas de Noronha, mas não quer se arriscar no alto mar. “Por estar a apenas sete metros de profundidade, é possível chegar ao local a nado, praticando mergulho livre”, explica o pousadeiro, que também firmou parcerias para oferecer diversos passeios na ilha.
Por fim, as ruínas de Noronha contam a história das colonizações portuguesas e holandesas, através das construções preservadas da Vila dos Remédios, que constituem o principal núcleo urbano da ilha. O local cresceu nos arredores da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, construída em 1772, pelos portugueses e abriga, ainda, as ruínas tombadas da Fortaleza de Nossa Senhora dos Remédios e o Espaço Cultural Américo Vespúcio, que contém reproduções de fotos antigas e textos que narram a história da ilha e explicam sua geografia e formação. Já a trilha do Jardim Elizabeth, com um pouco mais de 1km de extensão, é uma herança dos holandeses. Nesse passeio, é possível observar os locais escolhidos para a aclimatação de plantas trazidas da Europa, explorando a mata noronhoense e terminando na popular Praia do Cachorro, que possui a melhor infraestrutura da ilha e é ideal para a prática de mergulho livre.