Classes C e D, compareçam ao balcão de embarque

Estratégia de venda de passagens inclui instalação de postos em locais de grande aglomeração popular

Quem passa pela estação do metrô de Pinheiros, na cidade de São Paulo, pode ficar surpreso: balcões de check-in, iguais aos existentes nos aeroportos, dividem espaço com poltronas colocadas contra a parede. O objetivo é reproduzir a primeira fila de assentos de uma aeronave. Já na estação do Butantã, também na capital, 45 mil usuários do metrô passam diariamente por uma vitrine dos sonhos, na qual galerias de fotos sugerem viagens a regiões de praias e de montanhas, além de algumas das cidades mais cobiçadas do mundo.

A estratégia de criar postos de vendas em locais de aglomeração popular tem sido adotada por empresas ligadas ao turismo. E a razão é uma só: atrair e fidelizar a clientela das classes C e D – consideradas as novas estrelas do consumo brasileiro. O potencial estimado é de 25 milhões de novos compradores. E para que isso aconteça, ninguém economiza esforços ou criatividade. Competir em um mercado tão disputado está levando empresas a elaborarem estratégias cada vez mais ousadas.

“Ao longo de nossa história, transformamos a forma de vender pacotes de viagens. Criamos vitrines atraentes e lojas em locais de grande fluxo, com horários flexíveis de atendimento”, justifica Roberto Vertemati, diretor de Expansão e Rede de Lojas da maior operadora turística do Brasil – e uma das cinco mais importantes do mundo.

Preços acessíveis e pagamentos a perder de vista, com cartão de crédito ou até no carnê, também fazem parte da estratégia para levar cada vez mais consumidores a destinos nacionais e internacionais, com os quais até então eles só podiam sonhar. Na temporada 2011/2012, a operadora está oferecendo 1 milhão de pacotes, para mais de 100 destinos turísticos do Brasil e do mundo, a partir de mais de 20 cidades do Brasil. Esse é o maior volume de pacotes já anunciado em 39 anos de existência da companhia.

“Este cenário seria impensável há alguns anos. E impressiona a capacidade do mercado de se adaptar a essa nova e boa realidade”, atesta o ministro do Turismo, Gastão Vieira. “Nessas horas, ganha quem não perde o foco no cliente e aposta na ousadia. Mas para isso, é preciso ter um profundo conhecimento do mercado e de suas expectativas. E mais: entender quais são os sonhos do público”, conclui Gastão Vieira.

O ambiente que reproduz o interior de avião faz parte, também, das táticas de uma das maiores companhias aéreas do Brasil. O objetivo é fazer com que viajantes menos experientes, ou mesmo os que vão embarcar pela primeira vez, saibam de antemão como é e como funcionam as instalações de uma aeronave.

Para explicar a operação em detalhes, funcionários tiram dúvidas e revelam, tim-tim por tim-tim, os procedimentos de embarque, antes, durante e depois de a aeronave sair do chão. Tudo para aproximar as classes C e D do mundo da aviação.
Oldair José de Deus, um sergipano arretado, enfrentou o medo do avião para ir a São Paulo, há cerca de um ano: “Eu pensava que viajar de avião era igual a andar de roda-gigante. Deu frio no estômago”.

Antes feita de ônibus ao longo de quase 40 horas, a empreitada foi reduzida a três horas. E o melhor: sem ter que se alimentar nas paradas, o que às vezes acaba mal. “O atendimento e o salgadinho do avião são muito melhores”, recorda. Oldair anda em tempos de ‘vacas magras’. Segurança por profissão, está desempregado. Ainda assim quer viajar para ver a família novamente em São Paulo. “Fácil, não é. Mas boto fé que vou.”

Quiosques da companhia aérea foram abertos nas estações paulistanas do metrô de Itaquera, Sé e Luz. Também o Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre receberam esses balcões. A estratégia é abrir até 20 pontos de venda de passagens em locais com grande circulação de pessoas até o final do primeiro semestre de 2012.