BRASIL E CHINA CRIARAM UM GRUPO DE TRABALHO PARA ANALISAR A VIABILIDADE DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE COMÉRCIO BILATERAL PARA SUBSTITUIR O DÓLAR

O Brasil e a China criaram um grupo de trabalho para analisar a viabilidade da implementação de um programa de comércio bilateral nas respectivas moedas em substituição do dólar americano, disse nesta terça-feira à Agência Lusa fonte do Banco Central brasileiro.

“As negociações estão ainda numa fase inicial, tendo sido criado um grupo de trabalho com representantes do Brasil e da China que tiveram ainda apenas uma reunião durante o G2O em Londres”, explicou a fonte.

O próximo passo poderá passar pela visita de uma delegação do Banco Central do Brasil à China, “apesar de ainda não haver qualquer previsão sobre quando se poderá concretizar”, acrescentou.

O grupo de trabalho irá analisar os “resultados que estão a ser alcançados através de um acordo que a China estabeleceu recentemente com a Argentina” – o primeiro país da América do Sul a beneficiar-se das trocas comerciais na respectiva moeda com o gigante asiático e com quem o Brasil também desenvolve o mesmo programa desde setembro de 2008.

Os bancos centrais da China e do Brasil vão ainda fazer um “levantamento do potencial volume de negócios bilaterais para verificarem a viabilidade de um futuro acordo”.

O presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, explicou recentemente que o acordo com a China deverá beneficiar, essencialmente, os pequenos exportadores, ao permitir uma redução de custos, enquanto que os grandes exportadores deverão continuar a recorrer ao dólar americano.

As negociações começaram em junho, depois de Lula ter lançado a proposta durante a sua visita à China, em maio, com objetivo de incrementar o comércio bilateral e de reduzir a dependência em relação ao dólar nas trocas comerciais.

Até agora, apenas as empresas de dez países da Associação das Nações do Sudeste Asiático estão autorizadas a realizar trocas comerciais em renmimbi com empresas de cinco cidades do continente chinês, Hong Kong e Macau, sob um programa piloto que teve início em julho e que envolve no total 400 empresas.

Em abril, a China destronou os Estados Unidos como maior parceiro comercial do Brasil, tornando-se também no principal destino das suas exportações, sobretudo ferro, petróleo, cereais e pasta de papel.